A raça Curraleiro Pé Duro se destaca pela resistência e adaptação ao Cerrado, tornando-se um patrimônio genético essencial para o Brasil.
O Curraleiro Pé Duro é uma das joias raras da pecuária brasileira. Originário dos cruzamentos entre bovinos trazidos por colonizadores portugueses e aprimorado ao longo de séculos por seleção natural, esse gado tornou-se símbolo de resistência, rusticidade e adaptação ao clima quente e seco do Cerrado e dos sertões nordestinos.
O que diferencia essa raça é sua capacidade de sobreviver a condições que inviabilizam muitas outras: pastagens pobres, escassez de água, temperaturas elevadas e chuvas irregulares. Mesmo em ambientes adversos, o Curraleiro Pé Duro mantém bom desempenho produtivo, baixo custo de criação e um temperamento dócil, o que o torna excelente para trabalhos de tração.
Apesar de sua importância histórica e ecológica, a raça enfrenta risco de extinção devido à substituição por animais de maior porte, mais valorizados comercialmente. Esse cenário acende um alerta sobre a urgência de preservar um dos recursos genéticos mais valiosos do país.
Origem e resistência da raça Curraleiro Pé Duro
Considerado um dos bovinos mais antigos do Brasil, o Curraleiro Pé Duro se formou ao longo dos séculos em sistemas extensivos, passando por forte pressão de seleção natural. Esse processo resultou em animais rústicos, vigorosos e altamente adaptados a regiões áridas, onde poucos conseguem prosperar.
A raça apresenta características únicas: baixo consumo, adaptabilidade a dietas pobres, resistência a parasitas e capacidade de sobreviver em ambientes extremos. Esses atributos fazem do Curraleiro Pé Duro uma alternativa produtiva e sustentável para sistemas de criação no semiárido.
Por que a raça está ameaçada?
Mesmo com tantas qualidades, o Curraleiro Pé Duro perdeu espaço para raças de maior produtividade comercial. O avanço de cruzamentos absorventes, o foco em animais de crescimento rápido e as demandas do mercado colocaram a raça em situação delicada.
Com menor porte e rendimento de carne mais baixo, muitos criadores abandonaram o Curraleiro, sem considerar o impacto ambiental e genético da perda desses animais. Para especialistas, isso representa não apenas risco de extinção, mas uma ameaça à agrobiodiversidade e ao futuro da pecuária sustentável.
Preservação depende de produtores e instituições
Diante desse cenário, a conservação da raça exige a união de esforços entre criadores, instituições, órgãos governamentais e pesquisadores. A estratégia mais eficiente é o modelo de conservação on farm, no qual os animais continuam vivendo em seus ambientes naturais, mantendo suas características originais.
A preservação do Curraleiro Pé Duro é também a preservação do conhecimento tradicional das regiões do Cerrado e do Nordeste, onde a raça representa história, cultura e sobrevivência.
Um tesouro genético que o Brasil não pode perder
Com excelente adaptação ao semiárido, resistência ao calor, capacidade de sobreviver com poucos recursos e rusticidade única, o Curraleiro Pé Duro se mostra fundamental para sistemas produtivos sustentáveis. Em um momento em que o clima se torna mais imprevisível e extremo, raças resilientes como essa se tornam ainda mais valiosas.
Preservar a raça significa proteger um patrimônio genético nacional, garantir equilíbrio ambiental e oferecer aos produtores uma alternativa econômica viável para regiões de clima hostil. O Curraleiro Pé Duro prova que “santo de casa faz milagre” e que algumas riquezas brasileiras estão justamente onde sempre estiveram: no campo.






