Em contraponto ao anúncio público de sociedade, Gusttavo Lima nega envolvimento além da publicidade com a Bem Protege, enquanto a empresa enfrenta uma tempestade de processos e descontentamento dos consumidores

O estrelato pode abrir muitas portas, mas nem todas levam a destinos promissores. O cantor sertanejo Gusttavo Lima, o renomado nome da música sertaneja, viu sua imagem ser lançada no centro de uma controvérsia empresarial após ser anunciado como sócio da Bem Protege. A celebração que marcou o lançamento de uma nova estratégia para a empresa de proteção veicular ressoa agora com um eco dissonante.

Dois anos e meio após o evento que parecia selar uma parceria de negócios, a situação se inverte. Gusttavo Lima, que ouviu o CEO Gleidson Soares anunciar sua intenção de ser dono, não figura no quadro societário. A declaração inicial dá lugar a uma retratação: o cantor afirma ser apenas o garoto-propaganda, distanciando-se dos emaranhados legais da empresa que, além de afastada da regulamentação da Susep, enfrenta uma série de ações judiciais e reclamações.

Legislação em Pauta: O Futuro da Proteção Veicular

A Bem Protege navega em águas agitadas, com a nova legislação a pairar como um farol distante que anuncia mudanças significativas. Um projeto de lei em andamento mira empresas que, como ela, oferecem serviços assemelhados aos de seguros sem o devido registro. A proposta do novo código civil sustenta essa onda de mudança, potencializando o rigor com o qual o mercado de proteção veicular será em breve fiscalizado.

A parceria entre a Bem Protege e Gusttavo Lima começou em 2020, com o cantor assumindo o papel de embaixador da marca. As redes sociais da empresa reverberaram o sucesso dessa associação, proclamando um “antes e depois do Gusttavo Lima”. Contudo, a confiança dos consumidores foi abalada quando se percebeu que as promessas poderiam não ser cumpridas e que a segurança veicular prometida talvez não passasse de uma miragem distante.

O Vínculo Questionado: Recentemente, a situação ganhou novos contornos. Embora Soares tenha reforçado publicamente que o sucesso da Bem Protege se deve ao cantor, que “leva a marca aos quatro cantos do país”, a verdade societária era outra. Gusttavo Lima, por sua vez, expressou que todos os seus carros eram segurados pela empresa e que nutria o desejo de assumir uma posição de liderança. No entanto, agora rejeita qualquer vínculo societário e através de sua assessoria, reforça que seu envolvimento se restringe ao uso de sua imagem e voz.

Entre Reclamações e a Busca por Legalidade

usttavo Lima (Foto: Divulgação)

O site Reclame Aqui tornou-se palco de uma sinfonia de descontentamentos. Com 489 registros, muitos consumidores se dizem lesados e alguns, fãs do cantor, sentem-se traídos, crendo que estariam contratando um serviço respaldado por ele.

Enquanto isso, a Bem Protege, classificada como APVS (Associação de Proteção Veicular), ocupa uma zona cinzenta do mercado, funcionando num modelo de condomínio que carece da solidez e regulamentação das seguradoras tradicionais. Este setor, embora abrigue entidades idôneas, está sob o escrutínio de investigações que apontam para a possível exploração por organizações criminosas.

Em uma tentativa de reabilitação, a Bem Protege lança a BP Seguradora, buscando sanar as irregularidades passadas e obter a benção da Susep. A revelação vem acompanhada do rosto familiar de Gusttavo Lima, mais uma vez apontado como sócio, agora da recém-formada seguradora. A posição do cantor, entretanto, permanece a mesma: ele não é sócio, e sim a imagem que a companhia optou por usar para escalar a montanha da credibilidade.

Diante deste turbilhão, o episódio serve de alerta sobre a importância de uma comunicação transparente e de uma gestão corporativa alinhada com a imagem pública. Para Gusttavo Lima, fica o aprendizado de que o brilho da fama nem sempre ilumina os meandros empresariais. Para a Bem Protege, o desafio é navegar as ondas da regulamentação e restaurar a confiança de seus clientes, enquanto para o mercado de proteção veicular, o momento é de transformação, esperando-se uma maior clareza e segurança para os consumidores.

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