Matheus e Kauan perderam a mão ao usar o “fim da dupla” como marketing e agravaram um desgaste que já vinha se acumulando.

Vou ser direto: Matheus e Kauan perderam a mão. E perderam feio. No último fim de semana, a dupla sertaneja decidiu brincar com algo que não se brinca facilmente no mercado artístico: o próprio fim. O anúncio enigmático, com frases carregadas de dor, ponto final e “não existe próximo capítulo”, foi irresponsável, exagerado e mal calculado.

Não foi sensibilidade artística. Foi marketing mal executado. E o pior: feito por uma dupla que já vinha com a imagem desgastada por uma sequência de polêmicas, discussões públicas, conflitos em bastidores e episódios que jamais foram totalmente bem administrados.

O resultado foi previsível. Fãs assustados, mercado confuso, imprensa em alerta e uma sensação clara de que algo estava fora de controle. Para uma carreira que teve ascensão rápida, sucesso estrondoso e depois entrou em estagnação criativa e simbólica, esse movimento só aprofundou o desgaste.

Quando o drama vira ruído e o público perde confiança

Não é a primeira vez que Matheus e Kauan se envolvem em situações públicas desconfortáveis. Discussões no palco, embates com influenciadores, falas atravessadas e decisões impulsivas já vinham minando a relação da dupla com parte do público e do mercado.

Usar o suposto fim da dupla Matheus e Kauan como ferramenta de divulgação foi o estopim. O fã não é cobaia. Emoção não é botão de engajamento infinito. Quando você dramatiza demais, corre o risco de perder credibilidade — e foi exatamente isso que aconteceu.

Era marketing. Mas marketing ruim também cobra a conta

Fontes apontam desgaste interno e conflitos entre os irmãos Matheus e Kauan (Foto: Divulgação)
Fontes apontam desgaste interno e conflitos entre os irmãos Matheus e Kauan (Foto: Divulgação)

Horas depois do caos instalado, veio a explicação: não havia separação alguma. Era apenas o anúncio de uma “nova temporada”. A própria dupla admitiu: “A gente nunca se separou. Só entrou numa nova temporada”. Pronto. O estrago já estava feito.

Isso não é plot twist genial. É comunicação falha. É confundir narrativa artística com manipulação emocional. Marketing Matheus e Kauan virou sinônimo de ruído, não de estratégia.

Talento nunca foi o problema

É importante dizer: talento nunca faltou. Desde 2010, Matheus e Kauan construíram uma carreira sólida, com hits como “O Nosso Santo Bateu”, “Te Assumi Pro Brasil” e “Expectativa x Realidade”. Como compositores, são respeitados e têm músicas gravadas por gigantes do sertanejo.

Em 2025, lançaram o audiovisual “Envolvente” e entraram para o casting do “The Voice Brasil”, no SBT. Ou seja, oportunidades, palco e visibilidade continuam existindo. O problema não é falta de espaço. É excesso de decisões ruins.

Nova fase não se anuncia com terrorismo emocional

Se a ideia era marcar uma virada de ciclo, havia dezenas de formas melhores de fazer isso. Música nova, conceito novo, estética nova, discurso claro. O que não funciona é flertar com o fim, provocar pânico nos fãs e depois pedir compreensão.

Polêmica Matheus e Kauan virou recorrência, não exceção. E quando a polêmica vira método, a carreira vira refém dela.

Conclusão: não foi ousadia, foi erro de leitura

O sertanejo mudou. O público mudou. O fã quer verdade, não encenação emocional barata. Matheus e Kauan continuam sendo artistas relevantes, mas precisam urgentemente rever como se comunicam, como se posicionam e como conduzem a própria narrativa.

Porque, do jeito que foi feito, não soou como reinvenção. Soou como descontrole. E em uma indústria cada vez mais competitiva, quem perde a mão… perde espaço.

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dedicados à pesquisa, cobertura e promoção do gênero que move o coração do Brasil. Fundador e CEO do Movimento Country, o maior portal de música sertaneja do país, Hedmilton transformou sua paixão pelo campo e pela cultura popular em uma das principais referências do entretenimento brasileiro. Reconhecido por sua visão pioneira, já entrevistou os maiores nomes do sertanejo, cobriu festivais históricos e ajudou a consolidar o gênero nas plataformas digitais. Sua trajetória une jornalismo, estratégia digital e curadoria musical, tornando-o uma autoridade respeitada tanto por artistas quanto pelo público. Hoje, lidera o Movimento Country com o mesmo propósito de quando começou: valorizar as raízes, celebrar os artistas e conectar o sertanejo com novas gerações.