João Dias, hoje aos 36 anos, relembra o período em que viveu com Leonardo e Poliana Rocha em Goiânia, destaca o carinho recebido, diz não guardar ressentimentos e manifesta vontade de rever a família do cantor sertanejo.
Uma história antiga, contada e recontada em fragmentos, voltou ao centro das conversas. João Dias, o jovem baiano que, aos 15 anos, foi levado para Goiânia e conviveu por um período com Leonardo, Poliana Rocha e o então menino Zé Felipe, decidiu falar com detalhes sobre o passado. Hoje com 36 anos, João optou por um relato sereno e agradecido: diz que foi bem tratado, que não carrega mágoas e que veria a família novamente “com grande honra”, caso tivesse a oportunidade.
Destaques
- João Dias afirma não guardar ressentimentos de Leonardo nem de Poliana Rocha.
- Ele descreve o período em Goiânia como marcante e acolhedor.
- Revela o desejo de rever a família do cantor sertanejo.
- História ressurge após declarações de Poliana sobre a “adoção” informal na juventude de João.
- Relato do protagonista privilegia gratidão, amadurecimento e respeito.
Como a história veio à tona novamente
No início do mês, uma entrevista televisiva de Poliana Rocha reavivou um episódio de mais de duas décadas: durante uma viagem a Ilhéus (BA), o então adolescente João aproximou-se da família, criou laços com Zé Felipe, que tinha cerca de 10 anos, e acabou seguindo com todos para Goiânia. Ali, sob a rotina de uma casa famosa e movimentada, ele viveu um recorte de juventude que, a julgar pelo seu próprio relato, deixou lembranças afetivas intensas.
Com a repercussão, João decidiu se pronunciar. Em um depoimento direto e sem elipses, preferiu valorizar o cuidado, o acolhimento e o carinho que diz ter recebido. “A forma que eles me trataram lá, eu não tenho do que reclamar. Agradeço a Deus pela vida deles e pelo cuidado que tiveram comigo”, afirmou.
“Fui acolhido”: o que João lembra da convivência com a família

A narrativa de João é centrada no cotidiano: refeições compartilhadas, brincadeiras com Zé Felipe, a rotina de uma casa com agenda cheia e o impacto de, aos 15 anos, viver uma experiência radicalmente diferente da sua realidade na Bahia. Segundo ele, não faltou respeito nem atenção. “Era como se eu fizesse parte da família, mesmo que por pouco tempo”, conta.
Nesse período, João diz ter experimentado um “outro mundo”, feito de regras, horários e protocolos, mas também de gestos simples, que o marcaram de forma positiva. A convivência, resume, foi uma “escola de vida” que lhe ensinou sobre limites, gentileza e pertencimento, ainda que momentâneo.
Entre o afeto e o desconforto: quando os caminhos se desencontram
Poliana Rocha, ao revisitar o passado, mencionou incômodos que surgiram com o tempo: a forma carinhosa como João passou a chamá-la de “mainha”, eventuais ciúmes de uma criança que precisava dividir atenções, além de diferenças de ritmo e expectativas no dia a dia. Segundo a própria Poliana, ela providenciou a volta do garoto à Bahia: comprou roupas, passagem e o encaminhou para o retorno.
João não rebateu a decisão sob o prisma da mágoa. Preferiu o tom pacificador. Para ele, a experiência, mesmo curta, foi significativa e, sobretudo, transformadora. “Eu amei de verdade a forma que me trataram”, reforça. A escolha pela gratidão, mais do que um gesto, parece um posicionamento maduro sobre uma história que poderia ter se cristalizado em ressentimento.
Sem rancor: a maturidade do protagonista
Hoje, aos 36 anos, João vive na Bahia, longe dos holofotes. Ao ser questionado se voltaria a encontrar Leonardo, Poliana e Zé Felipe, foi categórico: “Se eu puder rever, será uma grande honra.” O contato, interrompido após o retorno, nunca mais foi retomado. Ainda assim, a vontade de reencontro não é movida por cobrança; nasce da gratidão e do desejo de fechar um ciclo com um abraço e um “obrigado”.
Esse posicionamento ecoa bem em um público acostumado à polarização. Em vez de acusações ou revisionismos, João oferece uma lente humanizada sobre a própria história, admitindo nuances e preservando o melhor que viveu.
Como o público reagiu ao caso
A reedição do episódio gerou reações divididas nas redes sociais. Alguns criticaram a informalidade de levar um menor de outra cidade sem diálogo mais amplo com a família de origem; outros entenderam o contexto afetivo, a impulsividade de um gesto e, sobretudo, a escolha posterior de João de não alimentar o conflito. Entre comentários, prevaleceu um traço: o carinho do público com Leonardo, figura histórica do sertanejo, e a comoção com a serenidade do protagonista.
Para admiradores do cantor, pesou a imagem de homem generoso, simples e agregador. Para os que se sensibilizaram com João, o mérito foi sua capacidade de ressignificar a própria vivência, convertendo um capítulo sensível em aprendizado e afeto.
Linha do tempo: do encontro ao presente
- Ilhéus, BA (há mais de 20 anos): João, 15, conhece a família de Leonardo durante viagem; aproxima-se de Zé Felipe.
- Goiânia, GO: o adolescente convive por um período com a família do cantor; cria vínculos e coleciona memórias afetivas.
- Retorno à Bahia: por decisão de Poliana, com passagens e roupas providenciadas; o contato se perde com o tempo.
- Entrevista recente de Poliana: caso é relembrado; surgem debates nas redes sobre adoção informal e limites do acolhimento.
- Depoimento atual de João: sem mágoas, com gratidão; desejo de rever a família e reconhecer publicamente o cuidado recebido.
O que essa história ensina

Há, na narrativa de João, traços raros no ambiente midiático: humildade, empatia e uma compreensão de que histórias de vida são feitas de camadas. A experiência dele revela questões sensíveis — o limite entre acolhimento e responsabilidade, as dinâmicas afetivas dentro de uma casa famosa, o peso da visibilidade pública —, mas também ilumina caminhos possíveis: escolher a gratidão, honrar os bons gestos e seguir em frente sem negar o passado.
Para além do anedótico, a história aponta um convite ao diálogo. Em situações complexas, quase sempre há uma convergência silenciosa entre intenções, circunstâncias e efeitos colaterais. João, ao recusar a narrativa da ferida, libera os envolvidos e a si mesmo para uma leitura mais ampla e, por que não, mais verdadeira do que aconteceu.
Haverá reencontro?
João não faz campanha, não pressiona, não dramatiza. Apenas afirma que seria “uma grande honra” reencontrar quem o acolheu um dia. Se esse encontro ocorrer, não será para reabrir feridas, mas para coroar um processo de maturidade pessoal: a celebração de um recorte de vida em que, apesar das fricções, ele se sentiu visto, cuidado e, sobretudo, respeitado.
O jovem “adotado” por Leonardo — que hoje já não é jovem e que também já não cabe em rótulos — escolheu o caminho mais difícil e, ao mesmo tempo, mais transformador: o da gratidão. Seu depoimento não apaga discordâncias do passado, nem reescreve decisões. Mas o que ele oferece, com elegância, é um modelo de reconciliação possível: a de quem reconhece o bem, aprende com o que doeu e segue adiante com o coração mais leve.
Para o público, fica a lembrança de uma história que atravessou décadas e que, ao retornar, ganhou outro desfecho. Para João, segue a esperança de um abraço que encerre o capítulo. E para quem observa de fora, a lição de que, às vezes, crescer é aceitar que nem toda história precisa de um culpado — algumas só pedem um “obrigado”.
