Artistas do sertanejo lideram lista de maiores beneficiados pela Lei Rouanet; Gusttavo Lima aparece no topo com R$ 52 milhões.
A Lei Rouanet voltou ao centro do debate público após a divulgação de uma lista que reúne os dez artistas mais beneficiados pelo mecanismo de incentivo fiscal. No topo do ranking aparece o cantor sertanejo Gusttavo Lima, com um valor que chama atenção: R$ 52 milhões captados por meio da lei.
Criada em 1991, a Lei Rouanet permite que empresas e pessoas físicas destinem parte do Imposto de Renda para financiar projetos culturais. Apesar de sua importância histórica para o setor, o uso do instrumento por artistas consagrados e altamente lucrativos reacendeu críticas sobre a real finalidade do incentivo.
A polêmica ganha ainda mais força por envolver nomes ligados publicamente à direita política, muitos deles críticos recorrentes do uso de recursos públicos.
Os dez artistas mais beneficiados pela Lei Rouanet
Segundo os dados divulgados, os artistas que lideram o ranking de captação via Lei Rouanet são:
- Gusttavo Lima – R$ 52 milhões
- Bruno e Marrone – R$ 45 milhões
- Leonardo – R$ 42 milhões
- Jorge e Mateus – R$ 38 milhões
- Zezé Di Camargo e Luciano – R$ 35 milhões
- Chitãozinho e Xororó – R$ 33 milhões
- Wesley Safadão – R$ 30 milhões
- Rick e Renner – R$ 28 milhões
- Luan Santana – R$ 27 milhões
- Ivete Sangalo – R$ 25 milhões
Os valores impressionam especialmente quando comparados à realidade de pequenos produtores culturais, que enfrentam dificuldades para acessar o mesmo mecanismo.
Críticas ao uso da Lei Rouanet por artistas milionários
Especialistas e críticos da política cultural apontam que a Lei Rouanet estaria sendo usada de forma distorcida, favorecendo artistas que já possuem forte apelo comercial, contratos milionários e shows com ingressos esgotados.
Para esse grupo, o incentivo fiscal deveria priorizar projetos culturais de menor visibilidade, iniciativas regionais ou ações voltadas a públicos com menos acesso à cultura. A concentração de recursos em artistas consagrados é vista como um reflexo da desigualdade no setor.
Também há críticas sobre a transparência e os critérios de aprovação dos projetos, com questionamentos sobre possíveis influências políticas e interesses econômicos no processo.
Defensores argumentam impacto econômico e geração de empregos

Por outro lado, defensores da Lei Rouanet sustentam que grandes artistas também desempenham papel relevante no ecossistema cultural. Segundo esse argumento, projetos de grande porte geram empregos, movimentam cadeias produtivas e ampliam o acesso da população a espetáculos de grande escala.
Para esse grupo, limitar o incentivo apenas a pequenos projetos poderia reduzir o impacto econômico da cultura e enfraquecer setores inteiros ligados a eventos, turismo e entretenimento.
Sertanejo, política e contradições
A lista também reacendeu debates sobre a relação entre o sertanejo e a política. Muitos dos artistas citados são conhecidos por discursos críticos ao Estado e por alinhamento com pautas conservadoras, o que gerou acusações de incoerência ao se beneficiarem de um mecanismo de incentivo fiscal.
A contradição entre o discurso público e o uso de recursos incentivados passou a ser explorada por críticos, que veem no episódio um retrato das ambiguidades do debate político-cultural no Brasil.
Lei Rouanet segue no centro da disputa ideológica
A discussão sobre quem deve ou não ser beneficiado pela Lei Rouanet está longe de um consenso. O caso envolvendo artistas sertanejos milionários evidencia como o tema continua sendo um campo de disputa ideológica, política e econômica.
Enquanto isso, a lei segue funcionando como uma das principais ferramentas de financiamento cultural do país, ao mesmo tempo em que enfrenta pressão por reformas, maior transparência e critérios mais equilibrados de distribuição.
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