A digitalização dos silos e secadores, uma das últimas fronteiras da automação no agronegócio, começa a avançar no país. Impulsionado pela busca por eficiência e segurança no pós-colheita, o movimento tem atraído fabricantes e produtores interessados em reduzir perdas e melhorar o desempenho das operações. Mesmo assim, gargalos de financiamento ainda limitam a expansão.
Nova linha do BNDES pode impulsionar a modernização
Fabricantes veem com otimismo a nova linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) focada em máquinas e equipamentos 4.0. A expectativa é que o programa amplie o acesso ao crédito e estimule a adoção de tecnologias avançadas no campo.
Empresas como Procer e PCE relatam aumento na demanda por sistemas de monitoramento e controle que reduzem perdas, melhoram a eficiência energética e tornam o armazenamento mais seguro. Sensores, plataformas digitais e automação de processos permitem acompanhar temperatura, umidade e fluxo de grãos em tempo real.
Produtores ainda enfrentam obstáculos para investir
Apesar dos avanços, parte dos agricultores ainda resiste em investir no pós-colheita. A dificuldade de acesso a financiamento, combinada com a cultura de priorizar etapas anteriores da safra, faz com que a adoção de soluções digitais seja mais lenta do que o esperado.
Especialistas destacam que o desconhecimento sobre o retorno financeiro também afasta produtores de sistemas automatizados, mesmo diante de riscos como deterioração dos grãos e desperdícios evitáveis.
Setor segue em expansão, mas depende de crédito
Indicadores recentes mostram que a capacidade de armazenagem agrícola no país cresceu 1,8% no primeiro semestre. No mercado corporativo, a Kepler Weber divulgou preço indicativo de R$ 11 por ação em uma potencial fusão com a GPT, movimento que reforça o aquecimento do setor e a crescente disputa por protagonismo tecnológico.
A digitalização do pós-colheita é vista como um caminho inevitável para manter a competitividade do agronegócio brasileiro. O ritmo dessa transformação, porém, dependerá da eficiência das políticas de crédito e da evolução na percepção dos produtores sobre os ganhos reais da automação.