A Justiça de Goiás suspendeu as lives de vendas da WePink, marca de Virginia Fonseca, após denúncias de propaganda enganosa, atraso nas entregas e falta de estoque. A multa em caso de descumprimento pode chegar a R$ 100 mil por ocorrência.
A Justiça de Goiás determinou a suspensão imediata de novas transmissões ao vivo e ações publicitárias de vendas da marca WePink, de propriedade da influenciadora Virginia Fonseca. A decisão atende a um pedido do Ministério Público de Goiás (MPGO), que acusa a empresa de práticas abusivas e publicidade enganosa após receber dezenas de milhares de reclamações de consumidores em todo o país.
Destaques
- WePink está proibida de realizar novas lives até comprovar estoque dos produtos.
- Multa fixada em R$ 100 mil por descumprimento da decisão.
- Empresa acumula mais de 120 mil reclamações em plataformas de defesa do consumidor.
Decisão judicial e consequências para a WePink
A liminar, concedida pela juíza Tatianne Marcella, estabelece que a WePink deve apresentar documentação que comprove a disponibilidade de produtos em estoque antes de retomar qualquer ação comercial nas redes sociais. A decisão também obriga a empresa a criar, no prazo de 30 dias, um canal de atendimento humano – não automatizado – com respostas obrigatórias em até 24 horas, a fim de oferecer suporte direto aos clientes que registrarem reclamações.
Em caso de descumprimento, a multa pode alcançar R$ 100 mil por evento de venda irregular. Além disso, a WePink precisará divulgar de forma transparente em seu site e perfis oficiais informações sobre direitos do consumidor, cancelamentos, trocas e reembolsos. A falta de clareza nessas orientações, segundo o MPGO, foi um dos principais fatores que levaram ao acúmulo de queixas.
Investigações apontam falhas graves na gestão da empresa
O Ministério Público de Goiás iniciou a investigação após um volume crescente de reclamações sobre a empresa. Desde 2024, o site Reclame Aqui registrou mais de 120 mil queixas contra a WePink. As denúncias incluem atrasos nas entregas, falta de estoque, recusa em reembolsos e até relatos de cosméticos deteriorados. Muitos consumidores também relataram a exclusão de comentários críticos nas redes sociais da marca, o que levantou suspeitas de censura.
De acordo com o MP, a empresa usava o formato de “flash sales” — vendas-relâmpago promovidas em transmissões ao vivo — para estimular a compra por impulso. Essa prática, aliada à forte imagem de confiança da influenciadora, teria levado consumidores a adquirir produtos que, posteriormente, não estavam disponíveis. A promotoria alega que tal conduta caracteriza publicidade enganosa e desrespeito às normas de defesa do consumidor.
MP pede indenização milionária por danos coletivos

Além da suspensão das lives, o Ministério Público solicitou à Justiça que a empresa pague uma indenização por dano moral coletivo de R$ 5 milhões. O pedido foi protocolado em conjunto com o Procon Goiás, que também autuou a WePink no fim de setembro de 2025 por falhas na entrega e ausência de comunicação efetiva com os clientes.
Segundo o promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva, a investigação revelou que a empresa não apenas ignorava reclamações, como também mantinha um modelo de vendas que explorava a vulnerabilidade emocional dos consumidores. “As campanhas criavam um senso artificial de urgência e levavam milhares de pessoas a compras impulsivas, sem que houvesse garantias de entrega”, afirmou o promotor.
Resposta e próximos passos
A defesa da WePink informou que a empresa ainda não foi citada oficialmente, mas que está analisando a decisão e buscando recorrer. O advogado Felipe de Paula afirmou que a marca “atua dentro da legalidade” e que as questões relacionadas às entregas e trocas são geridas por empresas terceirizadas. Segundo ele, a WePink pretende comprovar documentalmente que possui estoque e que as falhas pontuais estão sendo corrigidas.
Apesar disso, o MPGO sustenta que a empresa continua promovendo transmissões ao vivo mesmo após advertências formais. Caso novas irregularidades sejam confirmadas, a multa poderá ser aplicada a cada ocorrência, podendo ultrapassar os R$ 100 mil em sanções acumuladas.
Influência e responsabilidade
Virginia Fonseca, uma das influenciadoras digitais mais populares do país, com milhões de seguidores nas redes sociais, é sócia e principal rosto da marca WePink. Sua imagem tem sido amplamente usada nas campanhas publicitárias, o que, segundo o MP, reforça a responsabilidade direta da influenciadora na condução das ações de marketing da empresa. As investigações destacam que o uso de sua figura pública contribuiu para o aumento das vendas, mas também potencializou os prejuízos sofridos pelos consumidores lesados.
A repercussão do caso reacende o debate sobre a responsabilidade de influenciadores digitais que emprestam sua imagem a marcas próprias ou parcerias comerciais. O episódio da WePink serve como alerta sobre a importância da transparência, da ética nas práticas de venda e do respeito aos consumidores — pilares essenciais para quem atua no ambiente digital.
